Qual caminho tomar?

Josevaldo Machado
Ascom

O PCdoB em Ilhéus vive um dilema.

Enquanto o governo que o partido apoia prega, neste exato momento, uma peça nos servidores públicos, acabando com o regime CLT dos servidores públicos municipais e instituindo o regime estatutário, o partido não sabe que caminho tomar.

Se de críticas à medida ou de apoio ao governo que ajudou a eleger.

Enquanto, o presidente do diretório municipal, Rodrigo Cardoso, critica publicamente a medida, o presidente do Legislativo, que é do mesmo partido, provoca uma desnecessária inversão de pauta para impedir que os sindicalistas, antes da votação, apresentassem o ponto de vista dos prejuízos que a medida causaria ao servidor.

Resultado: a imposição venceu o debate democrático, numa ação presidida pelo comunista Josevaldo Machado, que calou a boca dos sindicalistas para atender os interesses do Executivo.

A confusão é tão grande na cabeça dos cururus que, agora, é o próprio Josevaldo, numa tentativa de salvar o filme queimado, que se arvora a liderar um movimento que busca ouvir os representantes do funcionalismo público e saber o que está por trás dos interesses deste questionado decreto.

Comparando a uma partida de futebol, Josevaldo Machado fez um gol contra. Comemorou junto a torcida em pleno estádio e pediu perdão ao time adversário. Só que dentro do vestiário. Para a torcida que lhe dá sustentação não ver.

Não bastassem estes problemas, o PCdoB, partido acostumado a lidar com intelectuais, jovens detentores de conteúdo político apurado, universitários, professores e jornalistas de primeira grandeza, está tendo que conviver em Ilhéus com uma representação constrangedora de um vereador que, se hoje os seus pares quisessem, lhe tirariam o mandato ou instituiriam uma penalidade dura pelos últimos depoimentos que fez em plenário, com a naturalidade de quem lida com expressões grosseiras na sua intimidade (leia aqui).

Sejamos sinceros, para aguentar tantos problemas assim em tão pouco tempo, o PCdoB, precisa decidir que caminho político quer mesmo tomar.

Se fica com o prefeito que é cunhado de uma das suas maiores expressões estaduais, se continua governo, se é oposição, se abre mão das suas lutas históricas em defesa dos trabalhadores ou se silencia neste momento onde qualquer palavra ou decisão pode lhe custar o peso de ser uma das vidraças do Palácio Paranaguá.

Para isso, usando um termo inspirado por um dos seus vereadores em Ilhéus, o partido precisa ter três coisas: dois culhões e uma cac...ta para tomar a decisão que lhe parecer mais corajosa.